terça-feira, 18 de outubro de 2011

À espera do universo...


 
Estava frio lá fora e o crepúsculo fora vencido pela noite. Aos poucos seus olhos se fecharam, deitado no terraço e hipnotizado pelos corpos tão distantes, ali fora envolvido, pelo manto da inconsciência e nada mais sentia ao seu redor.
Desnudo de sobriedade seus olhos foram se abrindo, mesmo que lutasse, como as trevas que o rodeavam, a realidade era obscura. 
 Cansado de tanto lutar contra os finitos sentidos que ainda disponíveis, saiu de onde estava e ficando de pé olhou, estava pasmado a companhia das estrelas e cometas que distantes passavam e iam embora.
Deitado não mais no seu terraço, mais numa cama de um quarto pálido e metálico, foi andando lentamente rumo grande janela de vidro não acreditando no que via, pois se o universo era outrora  distante, tornou-se de repente o infinito a sua frente. Sem saber o que fazer, lhe batera em seu peito o medo da verdade, que escapava ao seu limite o infinito universo.
Percebera um nível de consciência, mas não se permitia acreditar, pois mesmo com imagens tão nítidas, o que passava nos seus olhos era profundamente lúdico e irreal, distante de toda e qualquer coisa já vista por ele.
Ouviu algo que se movera, mas antes que conseguisse se virar, seu corpo esmoreceu, suas vistas embaraçaram e o universo desapareceu.
Acordado pela aurora, voltara para seu pequeno mundinho, seu terraço puro e seco.
Não tinha certeza de nada sobre o que de fato aconteceu, mas não queria acreditar que fora apenas um sonho.
Ele tinha sede de ver de novo, pois era um horizonte que não fim, que lhe dava medo mas lho fizera perceber sua pequenez e quanto queria ir além.
 A pequenez de sua consciência da verdade, verdade bem sabia que não seria conhecida apenas com olhar, mas que era uma possibilidade que lhe fazia ir muito além do que sua comodidade de cada dia lhe permitia chegar.
Dias tristes eram os de chuva, o chão molhado o frio egoísta das gotas caindo, lhe deixavam em pé na porta de vitrais transparentes, apagava a luz, colocava as mãos nos bolsos e aguardava a chuva passar até altas horas... o cobertor ganhou um novo guarda-roupas, ali atrás da porta que dava acesso para o terraço aguardava quentinho todos os dias ele chegar, deitar-se na cadeira flexível, e dormir no lugar improvisado que se tornou seu quarto de esperanças.
Sim ele tinha esperanças, e nada mais, assim, nua e crua, esperanças de compaixão, de alguém que nunca vira o rosto, pois talvez esse ser olhasse com piedade e percebesse que ele queria sair dali, que queria conhecer...
E assim lá estava, um simples pontinho sobre a terra, apenas um homem que dormia em seu terraço, com as estrelas passando lá em cima e ele parado cá em baixo, cá tão só, cá dormindo, cá esperando, esperando, esperando, esperando espe...