terça-feira, 11 de junho de 2013

Dores na consciência


As vezes tenho uma dúvida cruel...
meu peito palpita e me dá um medo angustiante,
 de repente pareço ter um insight vejo um paraíso além de qualquer realidade,
 sem sofrimentos, sem amarguras, sem ninguém, que seja injustiçado,
 marginal, sem pobres, sem tristes, sem deprimidos, sem solitários... Pessoas entrando numa fila interminável, com um lindo sorriso no rosto. 
Logo a frente, homens generosos doando lentes para quem quisesse,
 lentes perfeitas, adaptáveis a todos os olhos,
 ao colocar eram invadidas por uma paz inebriante e viciante, 
e diante de si como num passe de mágica 
começam a desaparecer qualquer imagem que as machucasse.
 Mas de repente as pessoas não mais se vêem, começam a ficar cegas,
 a lente se impregna na íris, na córnea e o mundo é sorrateiramente deturpando. 
Ao andar as pessoas caem nas possas, batem nos muros e umas nas outras, 
até seus sentidos são emaranhados, 
ninguém conhece mais nada e aos poucos sequer se dão conta de que estão vivos, 
não vêem mais uns aos outros nem conseguem se dar conta de onde encontrar o que realmente precisam.
 Com gritos ensurdecedores reclamam os efeitos colaterais da lente,
 são consideravelmente vulneráveis, e quando cheios de alergias por todo corpo, 
começam a se coçar e acentuam o vermelhidão em sua pele, 
sem saber o que fazer começam a correr desesperadamente das dores que sentem,
 dores nas pernas, dores nas mãos, dores nos olhos, dor nos ouvidos.
 E como se não bastasse são constantemente invadidos por uma fadiga, 
fadiga causada por seus corpos que lutam incessantemente,
 para poder expelir a lente da qual com a mãos nos olhos não querem se desfazer,
 isso, para não voltar a realidade, cujas dores,
eram profundamente mais dolorosas em suas consciências das quais foram curados. 
E assim amanhecia e anoitecia,
 com alguns poucos se desfaziam das garras dos que lhes presentearam, 
sendo que a estes passaram a chamar depois um alto custo de:
 bem-sussedidos-a-qualquer-preço-humano. 
E outros nomes que prefiro ocultar para não ferir os ouvidos.