sexta-feira, 1 de junho de 2012

Isso me faz jogar... amigos são sempre amigos!


Um jogo de esporte é apenas uma forma de exercícios não é verdade? Não responda esta pergunta agora! Na verdade não quero que responda, quero que pense sobre isso...  apenas pense.
Eu nunca gostei de jogo nenhum, e tenho meus motivos, principalmente se este envolver minha canela e meu dedinho do pé.
Jogar bola na escola era sempre um martírio, ela raramente chegava em meus pés, e quando chegava eu estava tão ansioso, que não sabia o que fazer, o que outros faziam em milésimos de segundos, fixando um jogador e chutando a bola sem “enrolar”, eu demorava vários segundos e aí quando não pegavam a boa dos meus pés, eu conseguia jogar para fora.
Era uma habilidade genuína, isso na escola, por que em casa era pior, meu primo e eu, de vez em quando, pegávamos nossa bolinha de leite jogávamos no chão e aí eu estava “tirado”, quando era bonzinho, ele deixava que eu desse alguns chutes ou alguns dribles, mas não adiantava, quando ele não estava de acordo, eu empurrava, chutava o vazio e sempre a mesma história, ele dominava, mas a questão não é esta, a questão é que, pior que chutar o vazio, era chutar a canela dele que não sei por que “raios” de motivo, meu dedinho do pé era sempre a vítima, mas não sendo bastante, conseguia sempre destroncar-lo, se não fosse de um pé seria do outro.
E se você alguma vez já destroncou um dedo, saberá que exite um ima que puxa o dedo ao sofá, mesmo que você esteja a dois palmos do móvel, ele se aproximará do dedo, isso só quando estiver machucado. Nos primeiros pensava que iria cair, o dedo dobra de tamanho e fica verde, só a aproximação das pessoas parecia uma ameaça para bater no coitadinho.
Por fim acabei criando trauma de jogar bola, quem gosta de dormir com o dedo latejando?
Aos poucos outra questão passou a ser decisiva também, a medida que tinham os jogos, eu não era chamado pois ninguém vai querer um ”mola murcha” no time não é?
E depois as cobranças eram inevitáveis, eu já ficava nervoso quando a bola chegava a mim e só piorava em pensar que iria levar um “carão” por não conseguir jogar.
Quando estava no segundo grau resolvi me arriscar novamente depois de tanto tempo, e ficar no gol, ora, já tinha superado a lerdeza e o que poderia acontecer? Pois bem acredite se quiser, quando chegaram perto do gol fui tentar tirar a bola com uma bela “bicuda” a perna foi pra cima e a outra acompanhou, imagine a sena, a bola, alguém mandou pra outro lugar e eu fiquei espatifado no chão.
Quando não, outro dia ao defender o gol, não estiquei o suficiente a mão,  então pra variar ela virou meu dedo para trás, pronto, agora tinha uma novidade, não foram só os dedos dos pés mas das mãos também.
Na verdade é normal se machucar em quadra, mas o que mais pesava pra mim eram as críticas. Quando tinha “queimada” eu jogava, não pegava a bola mas era um dos últimos a ser acertado, me defendia como ninguém.
Até que um esporte prometeu mudar esta história, resolvi jogar vôlei, já que parecia com queimada, e mais uma vez lá estava eu perdido em quadra, não entendia como eram marcados os pontos já que a bola ia pra fora e uns pontuavam, caia dentro e era a mesma história, eu tentava jogar para meus colegas quando vinha em minhas mãos, as vezes não conseguia pegar e outras pior ainda, eu não sabia quando devia levantar ou bloquear. E não preciso nem dizer que era bombardeado de críticas.
Jogar então era uma tortura, mas depois de entrar para o seminário, tive uma experiência que me surpreendeu. Considerada uma dimensão fundamental, a prática de esportes era considerada pela reitoria indispensável. Então não tinha muitas opções, ia pra quadra, mas o quanto pudesse me esquivar dos jogos, eu o faria, sabia que era importante para jogar pra fora as energias, mas ficaria mais nervoso se fosse criticado.
Então ao entrar no Seminário Maior João XXIII, de Porto Velho-RO, resolvi voltar a jogar, foi bastante tenso, meu coração disparava e a ansiedade parecia ser um cárcere, me arrisquei no vôlei pois não quero votar a destroncar meus dedos.
Confesso que nos primeiros dias continuava perdido, e “mancadas” eram o meu forte, mas aos poucos me acalmei, mas a busca da caridade que meus colegas manifestaram foi fundamental, já faz um bom tempo que jogo, sem medo, sem travamento e ansiedade, pelo contrário, sinto prazer em jogar. Percebi que o que acontece não é apenas pessoas que buscam respeitar os limites do outro, mas a vivencia deste momento como um momento entre amigos, pois quando o esporte é visto como competição, a dimensão da diversão e da alegria em estar em comunidade pode ser substituído por uma plataforma de competição, de raiva, humilhação e conseqüentemente de bulling.
Então, o fato de eu não gostar de jogos, não significa unicamente que isso “não fazia meu tipo”, tratava-se de um bloqueio e medo de errar ou decepcionar meus colegas e acredito que isso não é coisa do passado, é constante nas escolas e em muitos grupos desse tipo, sei que ficar irritado faz parte, mas isso raramente pode ajudar. Comecei a refletir sobre isto e percebi, que só aprendi as regras e melhorei minhas habilidades por não estar mais fixado em não errar, mas sem estresse ou receio,com uma preocupação natural comecei a acreditar em mim mesmo, meus colegas mesmo sabendo que eu iria errar o passe jogavam para mim ao invés de desviar, assim ao invés de me sentir reprimido, me sentia estimulado a ajudar meu time.
Por tanto, considero incrível como tem sido bom, seja pelas sensações, pelo bom humor que a prática de esportes pode causar,  pelo benéfico a saúde, sem contar com a auto estima, confiança, trabalho em equipe, interação ou até mesmo a criação de laços mais firmes na caridade e de uma amizade mais arquitetada.
A  todos que me fizeram apreciar esta prática admirável, meus sinceros agradecimentos, a Gledson Santos, Fernando Junio, Edilson Nunes, Paulo Fenando, Cristiano Amaral, Robson Costa, João Paulo, Jeferson Wenzel, Renan Amaral e todos que com paciência e caridade fazem desta etapa de minha vida, rica e inesquecível.



3 comentários:

  1. Ufa!!! colocou meu nome ai!!!! que legal... gostei muito do texto... vou até levar para os meus dá catequese como uma forma de incentivo!!!!

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  2. Ter consciência de que é possível jogar cada dia melhor é sempre motivador!
    superar os muros que nos dividem e nos bloqueiam é uma grande missão...e no esporte, haja superação!
    Parabéns Douglas! É isso ai!
    Ainda mais agora que joga muito bem no escuro srsrs!

    Força e estamos ai nas quadras da vida!

    GLEDSON

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