Um jogo de
esporte é apenas uma forma de exercícios não é verdade? Não responda esta
pergunta agora! Na verdade não quero que responda, quero que pense sobre
isso... apenas pense.
Eu nunca
gostei de jogo nenhum, e tenho meus motivos, principalmente se este envolver
minha canela e meu dedinho do pé.
Jogar bola na
escola era sempre um martírio, ela raramente chegava em meus pés, e quando
chegava eu estava tão ansioso, que não sabia o que fazer, o que outros faziam
em milésimos de segundos, fixando um jogador e chutando a bola sem “enrolar”,
eu demorava vários segundos e aí quando não pegavam a boa dos meus pés, eu
conseguia jogar para fora.
Era uma
habilidade genuína, isso na escola, por que em casa era pior, meu primo e eu,
de vez em quando, pegávamos nossa bolinha de leite jogávamos no chão e aí eu
estava “tirado”, quando era bonzinho, ele deixava que eu desse alguns chutes ou
alguns dribles, mas não adiantava, quando ele não estava de acordo, eu
empurrava, chutava o vazio e sempre a mesma história, ele dominava, mas a
questão não é esta, a questão é que, pior que chutar o vazio, era chutar a
canela dele que não sei por que “raios” de motivo, meu dedinho do pé era sempre
a vítima, mas não sendo bastante, conseguia sempre destroncar-lo, se não fosse
de um pé seria do outro.
E se você
alguma vez já destroncou um dedo, saberá que exite um ima que puxa o dedo ao
sofá, mesmo que você esteja a dois palmos do móvel, ele se aproximará do dedo,
isso só quando estiver machucado. Nos primeiros pensava que iria cair, o dedo dobra
de tamanho e fica verde, só a aproximação das pessoas parecia uma ameaça para
bater no coitadinho.
Por fim acabei
criando trauma de jogar bola, quem gosta de dormir com o dedo latejando?
Aos poucos
outra questão passou a ser decisiva também, a medida que tinham os jogos, eu
não era chamado pois ninguém vai querer um ”mola murcha” no time não é?
E depois as
cobranças eram inevitáveis, eu já ficava nervoso quando a bola chegava a mim e
só piorava em pensar que iria levar um “carão” por não conseguir jogar.
Quando estava
no segundo grau resolvi me arriscar novamente depois de tanto tempo, e ficar no
gol, ora, já tinha superado a lerdeza e o que poderia acontecer? Pois bem acredite
se quiser, quando chegaram perto do gol fui tentar tirar a bola com uma bela “bicuda”
a perna foi pra cima e a outra acompanhou, imagine a sena, a bola, alguém
mandou pra outro lugar e eu fiquei espatifado no chão.
Quando não,
outro dia ao defender o gol, não estiquei o suficiente a mão, então pra variar ela virou meu dedo para
trás, pronto, agora tinha uma novidade, não foram só os dedos dos pés mas das
mãos também.
Na verdade é
normal se machucar em quadra, mas o que mais pesava pra mim eram as críticas.
Quando tinha “queimada” eu jogava, não pegava a bola mas era um dos últimos a
ser acertado, me defendia como ninguém.
Até que um
esporte prometeu mudar esta história, resolvi jogar vôlei, já que parecia com
queimada, e mais uma vez lá estava eu perdido em quadra, não entendia como eram
marcados os pontos já que a bola ia pra fora e uns pontuavam, caia dentro e era
a mesma história, eu tentava jogar para meus colegas quando vinha em minhas
mãos, as vezes não conseguia pegar e outras pior ainda, eu não sabia quando
devia levantar ou bloquear. E não preciso nem dizer que era bombardeado de
críticas.
Jogar então
era uma tortura, mas depois de entrar para o seminário, tive uma experiência que
me surpreendeu. Considerada uma dimensão fundamental, a prática de esportes era
considerada pela reitoria indispensável. Então não tinha muitas opções, ia pra
quadra, mas o quanto pudesse me esquivar dos jogos, eu o faria, sabia que era
importante para jogar pra fora as energias, mas ficaria mais nervoso se fosse criticado.
Então ao entrar
no Seminário Maior João XXIII, de Porto Velho-RO, resolvi voltar a jogar, foi bastante
tenso, meu coração disparava e a ansiedade parecia ser um cárcere, me arrisquei
no vôlei pois não quero votar a destroncar meus dedos.
Confesso que
nos primeiros dias continuava perdido, e “mancadas” eram o meu forte, mas aos
poucos me acalmei, mas a busca da caridade que meus colegas manifestaram foi
fundamental, já faz um bom tempo que jogo, sem medo, sem travamento e
ansiedade, pelo contrário, sinto prazer em jogar. Percebi que o que acontece
não é apenas pessoas que buscam respeitar os limites do outro, mas a vivencia
deste momento como um momento entre amigos, pois quando o esporte é visto como
competição, a dimensão da diversão e da alegria em estar em comunidade pode ser
substituído por uma plataforma de competição, de raiva, humilhação e conseqüentemente
de bulling.
Então, o fato
de eu não gostar de jogos, não significa unicamente que isso “não fazia meu tipo”,
tratava-se de um bloqueio e medo de errar ou decepcionar meus colegas e
acredito que isso não é coisa do passado, é constante nas escolas e em muitos
grupos desse tipo, sei que ficar irritado faz parte, mas isso raramente pode
ajudar. Comecei a refletir sobre isto e percebi, que só aprendi as regras e melhorei
minhas habilidades por não estar mais fixado em não errar, mas sem estresse ou
receio,com uma preocupação natural comecei a acreditar em mim mesmo, meus
colegas mesmo sabendo que eu iria errar o passe jogavam para mim ao invés de
desviar, assim ao invés de me sentir reprimido, me sentia estimulado a ajudar
meu time.
Por tanto,
considero incrível como tem sido bom, seja pelas sensações, pelo bom humor que
a prática de esportes pode causar, pelo benéfico
a saúde, sem contar com a auto estima, confiança, trabalho em equipe, interação
ou até mesmo a criação de laços mais firmes na caridade e de uma amizade mais
arquitetada.
A todos que me fizeram apreciar esta prática admirável,
meus sinceros agradecimentos, a Gledson Santos, Fernando Junio, Edilson Nunes,
Paulo Fenando, Cristiano Amaral, Robson Costa, João Paulo, Jeferson Wenzel,
Renan Amaral e todos que com paciência e caridade fazem desta etapa de minha
vida, rica e inesquecível.
Ufa!!! colocou meu nome ai!!!! que legal... gostei muito do texto... vou até levar para os meus dá catequese como uma forma de incentivo!!!!
ResponderExcluirkkkkk valeu Paulo, espero que gostem!
ResponderExcluirTer consciência de que é possível jogar cada dia melhor é sempre motivador!
ResponderExcluirsuperar os muros que nos dividem e nos bloqueiam é uma grande missão...e no esporte, haja superação!
Parabéns Douglas! É isso ai!
Ainda mais agora que joga muito bem no escuro srsrs!
Força e estamos ai nas quadras da vida!
GLEDSON